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segunda-feira, 21 de março de 2011

postheadericon Governo retira corpos do IML e leva para o Serviço de Verificação de Óbitos


Os médicos legistas chegaram para trabalhar nesta sexta-feira (18), mas não encontraram nenhum corpo no Instituto de Medicina Legal (IML). É que o Governo do Estado resolveu retirar do local os corpos, que foram levados em um caminhão frigorífico para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), que fica no Hospital das Clínicas, na Cidade Universitária.

O deslocamento dos 43 corpos foi necessário por causa de uma determinação do Conselho Regional de Medicina (Cremepe) permitia que, a partir desta sexta, os médicos legistas liberassem os corpos no IML sem fazer os devidos exames. A medida é um protesto dos médicos contra as condições precárias de trabalho no Instituto.

A última necropsia foi feita no IML por volta das 17h da última quinta-feira. A sala em que os exames eram realizados está fechada para reforma, que deve ser concluída na próxima quarta-feira (23). Nessa data, o serviço de necropsia deve voltar a ser realizado no Instituto.
Fotos feitas por um funcionário do IML, que pediu para não ser identificado, mostra o local vazio.

ANGÚSTIA DOS FAMILIARES
Devido ao impasse, várias famílias não sabem quando vão conseguir fazer o velório e enterrar o corpo dos parentes, pois estes ainda não foram liberados. É o caso do agricultor Amaro Simplício, que saiu de Tamandaré para o Recife e aguarda, desde quarta-feira, a liberação do corpo do pai.

“Remarcamos o funeral para 14h, mas ainda não tem previsão de quando [o corpo] vai sair. Fica difícil para o pessoal da que está lá [em Tamandaré] para organizar os negócios”, diz o agricultor.

A ficha do corpo do pai de Amaro Simplício é a de número 1.399. De acordo com o agente funerário Wilson Tavares, o último corpo liberado foi o de número 1.356.

Quem também está angustiada com essa situação é a manicure Rosemery Queiroz. O cunhado dela morreu na última segunda-feira (14) e, desde então, já são cinco dias de espera e sofrimento. “A família fica sofrendo, pois todo mundo quer botá-lo no descanso dele, mas fica nessa burocracia. E como é que fica a gente?”, questiona a manicure.

ASSOCIAÇÃO DOS MÉDICOS LEGISTAS
No final da manhã desta sexta, o presidente da Associação Pernambucana dos Médicos Legistas (Apemol), Carlos Medeiros (foto 6), leu para a imprensa uma nota sobre a decisão da Secretaria de Defesa Social em transferir os corpos para o SVO.

“Os médicos legistas estão momentaneamente impedidos de liberar os corpos. Tal fato deve-se à decisão da Secretaria de Defesa Social de fazer a transferência do serviço de tanatoscopia e dos corpos, ora inacessíveis aos legistas, para o SVO. Se o SVO reunir as condições necessárias para nós trabalharmos, prontamente os legistas estarão fazendo o serviço”, diz o comunicado oficial da Apemol.

Carlos Medeiros falou ainda que visitou o SVO na manhã desta sexta-feira. “O conhecimento que eu tive foi que o SVO é um serviço muito pequeno e insuficiente para absorver a demanda e o tipo de perícia que a gente realiza no IML. Eu acredito que, mesmo realizando o trabalho no SVO, certamente ele vai trazer o transtorno da demora porque o serviço não tem estrutura”, contou.

Fonte: pe360 Graus

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