Segundo médicos do Hospital das Clínicas, do Cisam, do Barão de Lucena, do Agamenon Magalhães, do Imip (todos no Recife) e do Memorial Guararapes (em Jaboatão), tensiômetros descalibrados mascaram a medição da pressão arterial da grávida, ultrassonografias apresentam diagnósticos questionáveis e é comum a falta de exames e remédios para o tratamento de enfermidades como infecções, hipertensão e diabetes. Um estudo publicado no Caderno de Saúde Pública vol. 26, em março de 2010, que tem entre autores a coordenadora de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, confirma a observação dos profissionais: "É possível que a oferta do pré-natal não tenha resultado em diagnósticos mais efetivos da presença de doenças e de complicações". A atenção à mulher durante a gravidez tem influenciado os índices de mortalidade entre menores de um ano de vida (vinculada abaixo). "O aumento da mortalidade por adequada atenção à gestação revela a necessidade de aprimoramento do pré-natal", pontua.

Pernambuco dispõe de 92 leitos em UTIs neonatal, quantidade insuficiente para atender à procura de mães que têm bebês prematuros. O problema se agrava porque desse total 86 concentram-se na Região Metropolitana do Recife; no interior são apenas seis leitos, em Petrolina (Hospital Dom Malan). A reportagem esteve em todos os hospitais públicos que têm UTI neonatal na Região Metropolitana do Recife (são seis). Encontramos muitas mulheres em situação semelhante a de Edjane, sem pré-natal, com poucas consultas ou com consultas de qualidade duvidosa, que sofrem com seus filhos prematuros em UTIs. Entre elas, a quantidade de gestantes de municípios do interior chama a atenção: Roseana da Silva saiu de Toritama (Agreste) para ter Vitória no Barão de Lucena; Monique Micaele deixou Petrolândia (Sertão) e foi levada para o Imip, onde pariu a filha Júlia; Maria Edjane de Oliveira deixou Mirandiba (Sertão Central), para ter Antônio Inácio no Memorial Guararapes.

Fonte Diario de Pernambuco dia 27/07/2010